Os solavancos proporcionados por toda eleição presidencial já começam a reaparecer. A cada eleição isso se repete, aumentando a tensão, elevando a percepção do processo eleitoral e, mais e mais, desacreditando os personagens envolvidos no processo político nacional.
As eleições de 2018 já deram provas da vitalidade de absurdos que distanciam o cidadão comum do jogo político.
Começamos com uma reforma eleitoral que nunca poderia ser chamada de reforma, pois apenas ajustou detalhes legais com os interesses dos donos dos cartórios e “business” políticos – os chamados partidos políticos.
Depois, a aprovação escandalosa do imoral Fundo Partidário. Serão bilhões de reais, com fiscalização duvidosa, aos partidos políticos – dinheiro público para instituições privadas, geralmente administradas por Fichas Sujas…
Agora, com o processo de nomes em disputa se afunilando, vemos a imprensa buscar relevância num debate que não ocorre – insiste em não ocorrer – sobre os destinos do país, os projetos de governo de cada partido ou candidatura e, principalmente, o que se pode esperar de cada candidato, se eleito.
Na verdade, como sempre, o debate político sobre o que queremos para o Brasil fica adiado enquanto a imprensa finge realizar uma cobertura jornalística sobre as candidaturas viáveis.
Para a imprensa brasileira todos os nomes apresentados eram rapidamente rotulados como “tradicionais” e a moda era a busca pelos “outsiders”, ou seja, pelos “de fora” do jogo partidário.
Luciano Huck e Joaquim Barbosa eram os queridinhos da imprensa superficial. Bastava uma foto e já se tinha um tal de “fenômeno” de voto… nada mais distante da realidade.
Luciano Huck foi fulminado, não pela sua popularidade, mas sim por suas ligações, digamos, empresariais com Aécio Neves, em diversas notas jornalísticas nunca aprofundadas nem investigadas pela Imprensa e Ministério Público, até o momento.
Com Joaquim Barbosa, de outsider, voltamos a vê-lo como um mistério. As dúvidas sobre suas condutas apenas se confirmaram. Suas ligações com petistas muito próximos a Lula foram o motivo de sua nomeação ao STF? Por que, como relator do Mensalão, Joaquim Barbosa nunca permitiu que as investigações se aproximassem de Lula? Por que a aposentadoria antecipada do STF? Até as dores na coluna cessaram? Já filiado ao PSB, entra na reunião com o comando do partido, em Pernambuco, como candidato certo e, ao sair da reunião, para a imprensa, tergiversa e deixa dúvidas? O que pensa (se é quem tem opinião formada) sobre Economia, Programas Sociais, Privatização, Segurança Pública, Transportes Urbanos, Diplomacia, Agronegócios, Combate às Drogas/Fronteiras, Intervenção no RJ, Saúde Pública, Municipalismo, Segunda Instância, Foro Privilegiado, Agências Reguladoras, Multiplicação dos Partidos Políticos, Desindustrialização, Impostos?
Não creio em outsiders nas Eleições 2018.
O Brasil gosta de criar “modismos”, acostumado que é aos novos “artistas” de novelas, personagens de BBB, figuras de curta popularidade, formação muitas vezes questionável, que não exigem do eleitor médio qualquer ponderação, comparação, questionamento nem cobrança.
O voto ainda parece ter pouca consequência imediata para uma maioria de eleitores.
A saída de Joaquim Barbosa da disputa pode ser uma incerteza a menos para o Brasil.