Cumprir a lei, fazer o que é certo, deveria ser o natural, especialmente no momento em que vivemos, no qual mais de 60% dos eleitores (de acordo com pesquisas realizada por institutos confiáveis) apontam a corrupção o principal problema do nosso país, desbancando os temas saúde e segurança, que figuraram nas primeiras posições ao longo dos últimos 30 anos.
Mas enquanto empresas, profissionais do Direito e personagens do Judiciário se debruçavam sobre o tema Compliance, em fórum promovido nesta sexta-feira, 17 de agosto pela Amcham, em São Paulo, alguns representantes da classe política seguiam firmes em seu propósito segundo o qual “os fins justificam os meios”, alheios aos principais anseios daqueles que deveriam representar.
O que essa parcela da classe política ainda não percebeu é que a população já entendeu que é ela quem paga a conta da corrupção. Saúde, emprego, segurança, infraestrutura, desenvolvimento, tudo isso fica muito aquém do necessário quando o poder público mergulha num ambiente corrupto.
Ainda assim, há quem desafie as leis e os poderes constituídos e tente transformar um preso condenado em candidato à presidência da República. Mesmo com a informação de que 65,5% dos eleitores não aceitaria votar em um candidato preso – índice muito próximo do percentual de eleitores que considera o combate à corrupção uma prioridade.
Até agora, o registro de tal candidatura vem servindo ao seu propósito inicial: trazer de volta ao centro do debate alguém que, em razão das próprias ações, foi devidamente afastado.
A esperança de parcela significativa da população é que a Lei seja aplicada e candidaturas como essa sejam realmente impedidas.
“A Lei da Ficha Limpa é excelente, internacionalmente reconhecida, e deve ser obedecida. A lei é para todos”, observa o juiz da 7ª Vara Federal Criminal no Rio de Janeiro, Marcelo Bretas.
Vale lembrar ainda que os rumos de investigações, como a Lava-Jato, são definidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é quem determina as ações do Poder Judiciário. E que a nomeação dos ministros do STF é atribuição do presidente da República.
A pergunta que fica é: qual é exatamente a intenção dessa candidatura?