O brasileiro que não acompanha os passos das campanhas eleitorais começa a tomar conhecimento da disputa nesta próxima sexta-feira(31.Agosto), quando as emissoras de rádio (9.973 em todo o país) e as TVs (272 geradoras e 6.197 retransmissoras) passarão a transmitir a propaganda eleitoral e as inserções dos candidatos.
Às 2ªs, 4ªs e 6ªs-feiras serão transmitidas as propagandas de governadores e deputados. 3ªs, 5ªs e sábados estarão reservados para os candidatos presidenciais e de senadores.
Nas rádios a propaganda terá início às 7 da manhã e às 12hs, com duração de 12m30s. Nas TVs serão transmitidas às 13h e às 20h30, também com a mesma duração. Em cada um desses blocos Geraldo Alckmin fará uso de 5m32s; o PT usará 2m23s; Henrique Meirelles 1m55s; Álvaro Dias 40s; Ciro Gomes 38s; Marina 21s; Guilherme Boulos 13s; Cabo Daciolo, Eymael e Bolsonado 8s cada; João Amoedo, Goulart e Vera 5s cada. Para quem tem o que dizer é sempre pouco e para os sem conteúdo, qualquer tempo é uma angustia para ser preenchida com palavras de ordem, ofensas e promessas sem fundamentos.
O recurso de muitos eleitores de desligar os aparelhos nesse breve tempo era mais comum no início das aparições e no decorrer do prazo de campanha eleitoral a audiência tendia a se elevar em razão da curiosidade, dos comentários e da necessidade de um posicionamento e escolha das melhores propostas e do nomes – e são vários: elegeremos 1 deputado federal e um estadual (distrital em Brasília), 2 vagas de senador, governador e presidente da República. Hoje, com a campanha mais curta (35 dias) e um tempo menor de aparição diária é possível que a audiência seja forte e mais homogênea, o que deve manter o peso da TV e do rádio na decisão do voto.
O outro recurso da propaganda eleitoral é a inserção de 30 segundos ao longo da programação – de muito maior impacto junto ao eleitor tanto pelo inusitado da aparição quanto pela relação de venda de uma ideia – coisa típica da inserção publicitária. Nesse aspecto Geraldo Alckmin saboreará grande vantagem m relação aos demais concorrentes pois verá sua publicidade ser exposta mais de 12 vezes a cada dia em cada uma das emissoras de TV e rádio. O atual líder das pesquisas, o ex-militar Jair Bolsonaro terá apenas 1 inserção a cada 3 dias de propaganda, por emissora. O candidato do PT terá 5,4 exibições ao dia, Henrique Meirelles (MDB) terá 4,3/dia/emissora, Álvaro Dias 1,5/dia/emissora, Ciro 1,4 dia/emissora e Maria menos de 1 ao dia (0,8).
São 3 as principais abordagens para a utilização inteligente das TVs e rádios no período eleitoral. Antes de mais nada é fundamental que os candidatos se apresentem ao grande público – e a Mídia tradicional é incomparável nesse aspecto, principalmente porque as emissoras programam os debates eleitorais para horários inacessíveis às grandes massas de eleitores.
O segundo aspecto mais destacado nas estratégias eletrônicas é sedimentar e consolidar os eleitores com abordagens e linguagens que justifiquem os votos perante grupos de eleitores já sensibilizados (Alckmin falando de gestão, em privatização), Marina falando em sustentabilidade, Bolsonaro falando em segurança, por exemplo). Neste aspecto, candidatos como Álvaro Dias e Ciro Gomes perdem pois não se caracterizam por “nichos”, segmentos ou bandeiras determinadas.
A terceira das muitas vantagens da exposição eletrônica é a possibilidade de se colocar como “O” candidato, buscando a representação e a lembrança do eleitor, seja pela perspectiva de poder, pela simpatia, pela confiança, pela associação de ideias simpáticas e inúmeras outras referências, pessoais, ideológicas, políticas ou de cunho mais íntimo, muitas delas subjetivas.
As principais campanhas eleitorais do plano presidencial sustentam-se em pesquisas qualitativas que aprofundam em detalhes o interesse do eleitor, por vários aspectos (idade; formação cultural; renda; cidade pequena, média, grande ou metrópole; formação educacional; sexo; ideologia; preferência partidária, por exemplo), assim como pelo sentimento geral da sociedade frente a temas mais comuns – hoje em dia podemos destacar o desemprego, as mudanças das leis previdenciárias, o tema da Ética, a LAVA JATO, as desigualdades regionais, a necessidade da reindustrialização, a privatização, a saúde pública, os planos de saúde privados, a educação, e tantos outros.
Alckmin tem a vantagem dessa ampla exposição e, sabendo aproveitar, abordar muitos desses temas, apresentando-se como candidato com coragem de uma abordagem multidisciplinar – e valendo-se de uma Rede Social (que ainda não construiu) certamente poderá fazer chegar aos eleitores, individualmente, o que amplamente poderá expor nas Mídias eletrônicas.
É consenso que o impacto da exibição da propaganda eleitoral nas Mídias eletrônicas tem um período de maturação – assim como acontece com campanhas publicitárias, algo em torno de 7 a 10 dias. Será, a partir de um período semelhante, que verificaremos o impacto e a formação de grandes correntes de apoio popular sustentado na comunicação eletrônica.
Antes disso, certamente, vivemos a paixão do embate limitado às Redes Sociais e às mínimas claques, quase sempre pagas e artificialmente construídas, que aplaudem e apupam candidatos em aeroportos ou palanques artificialmente plantados, nessa pré-campanha que pouco significam e nada trouxeram de novidade para o bom debate nacional.